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Por que troquei a bateria de lítio por uma de chumbo-ácido na bike elétrica?

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Aparentemente seja um contrassenso, talvez por isso não se vê na internet tutoriais para fazer a migração reversa, ou seja, sair das tão propaladas baterias de lítio e adotar as humildes e prosaicas baterias de ácido-chumbo. Tomei esta decisão depois de termos usado tão somente 5 meses um kit elétrico que veio com motor de 350 w e bateria de 36 v 10 ah.

Depois que a bateria começou a se desligar nas subidas um pouco mais íngremes, resolvi tirar o pack do chassis de alumínio e verifiquei que as células eram de 2,2 ah. Como o pack era formado de conjuntos de 4 células em paralelo num total de 10, depreende-se que a corrente total era tão somente de 8,8 ah, isso se tudo estivesse funcionando perfeitamente.

Ao longo dos percursos, constatamos que o melhor rendimento do motor era bom durante os primeiros 10 km, usando tão somente pedal assistido. Depois, caia consideravelmente.

Como moramos numa região serrana, certamente uma bateria com menor capacidade nominal do que o motor iria fatalmente abrir o bico. Talvez pelo fato do usuário médio realizar percursos planos, os kits chineses não contemplem baterias indicadas para o esforço máximo do motor.

Ressalto abaixo alguns pontos que me chamaram a atenção no processo de troca de baterias. Optei em comprar um pack de 3 baterias de chumbo-ácido ciclo profundo da Machine Motors. Elas são de 12 V 14 ah e como este pack atende scooters com motores de 1000 w, achei bem confiável emprega-lo num motor de 350 w. O site alega que o scooter de 1000 w tem autonomia de 2 horas. Acredito que num motor de 350 w, a autonomia aumente.

- cuidado com as baterias supostamente de 10 amperes/hora, que na verdade são de 8,8 ah;

- a maioria dos packs de baterias vendidos na internet são feitos de células resultantes do desmonte de outros packs;

- as baterias de lítio propagandeadas com a vantagem de possuírem “células Samsung”, podem não ter nada disso. São compostas de células genéricas de baixa qualidade, é só tirar os parafusos e abrir o container de alumínio para constatar;

- as placas eletrônicas controladores (BMS), que todo o pack de baterias de lítio deve ou deveria ter para proteger as células contra o superaquecimento, comumente são muito vagabundas e não possuem a função de balanceamento. Balancear significa a capacidade do controlador eletrônico de fornecer mais energia para as células fracas e menos para as células fortes no momento do carregamento. Tal função se justifica porque em um pack de 40, 50 ou até 70 células, é praticamente impossível não haver discrepâncias no desempenho entre as diversas unidades;

- a questão do baixo peso é muito relativa: originalmente, no nosso kit veio uma bateria de lítio de 36 Volts 8,8 ah com o peso de 3 kg. Ora, se tal bateria cilíndrica fosse substituída por um pack de 36 Volts 14 ah constituído de 70 células, o peso subiria para cerca de 8 kg (somente o pack, sem contar o chassis). Sabendo-se que um conjunto de 3 baterias de chumbo-ácido de 12 v 14 ah pesa 12,6 kg, vemos que uma bateria de lítio de boa potência não está tão longe assim do alegado sobrepeso das chumbo-ácido. O problema é que o mercado, na ânsia para reduzir o peso e o preço final (uma vez que uma bateria de lítio de maior potência custa cerca de 2 mil reais), oferece baterias subdimensionadas para os motores dos seus kits elétricos.

Comentários

  1. Isaías tudo bem?!
    Parabéns pela matéria! Eu estava procurando justamente isso, maior autonomia e facilidade de manutenção. Me diz, como ficou a autônomia comparada com a bateria anterior ?

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    Respostas
    1. Aumentou um pouco, porque a de chumbo não corta a corrente instantaneamente quando diminui a energia, ela vai morrendo aos poucos. Contudo, a autonomia está relacionada à capacidade da corrente em ampéres/hora (A/h). Neste quesito, as baterias de lítio são imbatíveis, pois permitem um considerável aumento da corrente sem aumentar muito de peso.

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