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O triângulo mágico da Mountain Bike

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Dificilmente um sujeito amador vai alterar a altura do guidão e tamanho do pedivela da sua bicicleta, então resta-lhe configurar da melhor maneira possível o vértice representado pela altura-inclinação-recuo do selim.

Por ora, abandonemos completamente as orientações genéricas que determinam que o selim deve ficar posicionado paralelo ao chão e alinhado à mesa do guidão. Logicamente, se você segue ao pé da letra tais recomendações, não terá problemas, mas também corre o risco de não atender plenamente às exigências específicas do seu pedal.

Antes, uma ligeira explanação sobre a formação do triângulo. É interessante saber que o ato de pedalar implica na formação de uma alavanca em que o pedal é o ponto final das forças vetoriais resultantes de forças aplicadas conjuntamente por pés, pernas, braços, mãos, tronco, ombros, etc. Se o princípio da alavanca é o único meio de amplificar a força, é crucial que ele seja bem aplicado enquanto pedalamos, justamente para que a maior parte da nossa energia dispendida seja efetivamente convertida na ação de empurrar o pedal para baixo, responsável pelo empuxo da bicicleta.

Ângulo neutro
A posição clássica adotada pelos pilotos cuja altura é compatível com o quadro escolhido é o triângulo de lado superior paralelo ao chão. Não falemos aqui de posição ideal, pois cada fisiologia demanda uma sentença, melhor ainda, as necessidades de cada um impõem certos usos que muitas vezes afrontam as diretrizes genéricas dos bons costumes.

O ângulo neutro permite boa performance tanto nas subidas, quanto nas descidas.

Ângulo baixo
O melhor dos mundos seria o piloto ter uma estatura e membros médios, pois a maioria dos projetos de bikes são concebidos para esta faixa mediana. Já os pilotos baixos, por se ressentirem da falta de opções, são obrigados a se adaptarem tanto aos tamanhos de quadros existentes, quanto aos diâmetros de rodas. Por isso, na maior parte das vezes, os baixinhos adotam o triângulo baixo em relação à mesa do guidão.

O ângulo baixo não favorece a alavanca nas subidas, é o preço que se paga por se estar fora do perfil corporal preferido pela indústria, ou pela geometria de triângulo baixo específica da bicicleta. (Por isso os pilotos de freeride sobem empurrando suas bikes).

Ângulo alto
Pilotos que extrapolam os limites medianos, tanto em altura total, quanto em comprimento de pernas ou braços, tendem a adotar o triângulo alto.
Se o relevo enfrentado nas lidas do piloto é muito íngreme, a tendência, mesmo dos pilotos de estatura mediana, é ir aumentando a altura do selim na tentativa de potencializar a força empregada nos pedais. E isso funciona! Parece quer você trocou de bicicleta pelo tanto a mais de rendimento que se obtém!

Certamente, há ganhos e perdas, pois a posição menos anatômica tende a forçar mais os joelhos, pescoço, ombros e a região lombar. Ademais, o piloto fica numa posição bem mais inclinada nas descidas do que em ângulo neutro.

Ângulo alto com selim inclinado
Geralmente, os que adotam o triângulo alto acabam inclinado o selim para frente, posição oposta aos praticantes de freehide que, devido à baixa altura de selim, normalmente inclinam o bico do selim para cima.

Na cota das perdas, em descidas você estranha a princípio a sensação de estar sendo empurrado para a frente. É o preço a pagar pela extrema otimização conseguida nas subidas.

Conclusão
Eu meio que detesto as recomendações genéricas das boas posturas. Se você segue tudo o que os especialistas preconizam, acaba não satisfazendo os seus próprios anseios. Então, o negócio é experimentar e continuar experimentado, para finalmente chegar à conclusão se uma determinada configuração serve ou não serve, afinal, aquilo que é uma tremenda verdade para mim, para você pode resultar apenas numa baita dor nas costas!

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